sexta-feira, 30 de julho de 2010

Chaves

Com você
Por você
Para você
São
Que essas linhas
Libertaram-se
E viraram ar
Para dar volta ao mundo
E cair sem querer
Em seu ler
E acariciar o seu olhar

o poema do poema

Chegando mais perto
pude verte
ver de perto
o verde
de teus olhos
e ver
um canteiro desenhado
são seus olhos
de um oliva
docemente colocado
no teu rosto
para ajudar a leveza do teu sorriso
a fluir
e encontrar a sua leveza de estar
e ser

Canteiros

Dentro do tempo
Pude brincar
E ver de perto
[teu desenho]
Fazendo da tua cor
Um canteiro [de estar]
Fazendo do teu silêncio
Espaço de contemplação
Fazendo do teu olhar
Carinho na memória dos sentidos
Dentro do tempo
Brincamos.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Desejo

Teu silêncio sorrido
Espero encontrar
Quando outra vez
Te volte a mirar
Olvide o sal em gota
E sinta o doce vibrar
De ser você

Aromas, Amores, Amares

O mar deveria ser A mar
não é por nada
que amar
é A-mar

terça-feira, 27 de julho de 2010

Correntes do além-mar

Não se suspende nada que não se possa domar.
Não se doma ondas. As acompanhamos ao passar.
Vamos com elas.
Nosso destino é a praia.
Mas em que lugar? No lugar de quebrar.
De entrar no grão d’areia, para tentar-lhe levar.
Levar para trazer.
Trazer para lembrar.
Lembrar que podemos passar, mas nunca sem deixar um pouco de nós. [Pois não sabemos que tudo que vai volta, igual onda do mar... ].
Voltar num novelho estar. Mas nunca saberemos ao certo onde poderemos nos reencontrar... Um dia o fizemos e depois refaremos...
Contudo assim será: nos recolheremos um pouco menos nós e um pouco mais os outros.
As águas dos rios correm para o mar...
Como passamos uns pelos outros...
Levando e deixando
É essa a não exata fórmula de aprender a passar
[Carregando no seio o igual e o diferente]
É que aprendemos a ser riomar, a rimar e a amar...
Tudo é um leve ciclo de passar.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Das Missivas

Não há porque entregar as cartas em ordem [colocar as cartas em ordem só nos faria criar uma nova história] e sempre achei melhor brincar de embaralhar. Mas ainda se escrevem cartas? Nem sei... Mas há ainda quem ame. Quem ama rabisca. Fere de leve a tela e sela na aquarela uma nova letra de sentir.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Conversa

saíram estas palavras
ao sensível
nem sei se
as procuro
ou se vêm
correndo
e/ou
devagar
para dar ao mundo
o que
antes
já era dele

Dos instantes

Podia escrever alguns versos.
Mas um dia teremos nossa poesia - a escrita, claro -
Pois já temos muita poesia vivida.
E [d]escrita na memória.

[Memória, poesia e vida.]

É isso e muito mais que nos une.

(Além das segundas e seguintes ordens...)

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Antes de tudo...

Buscava textos secretos escritos por famosos desconhecidos.
Tentativa desesperada de ler algo ou alguém...
Ao final, depois de correr os olhos, eis que amparado pelo destinado desacaso.
Caiu aos seus olhos sonoro texto...

"Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno. "

C.M.

Jainda.

- Como pode caber tudo nas palavras?
- Não sei...
- Mas como podemos esvaziar as palavras?
- Não sendo humanos...

terça-feira, 13 de julho de 2010

las cosas sencillas

Alimentos invisibles
que acalentan
el alma:

El suspiro.
La mirada oculta.
El sonriso furtivo.
La reunión de las manos.
Aquel pensamiento.

Así seguimos, ricamente alimentados, para la vida.

Perguntas claras

O que é manhã?

E, se é, onde está a manhã desse dia?

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Libertas

Para corpo, artes.
Para alma, sonhos.

domingo, 4 de julho de 2010

Para Juno

Ainda que não me leias, passo-te desapercebida todas as manhãs.
E espero, serenamente, o correr dos teus dias para nascer quase no teu fim.
Para deixar-me curtir corto-me.
E o recorte sai e se cola nos meses seguintes esperando as cores certas para preencher cada favo. Esperam pacientes sua persona colorista, o tempo, para completar-se e só então deixar nascer os verbos desta pequena ação.


[ferir] [correr] [sangrar] [discorrer]
[marcar] [mover] [sentir] [pensar]
[pintar][sanar]
[ler]

Receita para matar o tempo

(Quando encontrar diga-me!)


Por enquanto
Passo-te um placebo:
Por meio dessas descoloridas letras
Vou passar por suas medidas inteiras ou fracionadas
Vou sentar na janela e vê-lo passar [Carente de levar-me]
Vou apoiar-me no céu e (desde lá) iras ver-me escrita nele
(ou nessa folha gasta, quando não na tela,
quando não na mente de alguma gente
-que ainda sente-
essa mesma vontade de matar o tempo)

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O fio mágico

No palco de Vei
[te vi passar]
Sonora e tranquila
[como onda do mar]
Respira e suspira
[num leve andar]
Temente as estrelas
[como estrela do ar]

Biombo

Novel
Novelo
Novelho