segunda-feira, 30 de agosto de 2010

De Saída

Simples
Complicada
Essa coisa de estar
não se trata
de tudo
ou nada
Mas de saber ter
[o que se precisa]
do estar
Somente se pode ter
o que não se pode levar:
O Instante.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Música de estrellas

Queria cantar algo
Mas aqueles risos
Roubaram o canto
Restou silêncio sentido
De palavras já ditas
De olhos já vistos
De toque já ido
Queria cantar algo
Mas faltam os sentidos

sábado, 21 de agosto de 2010

SOBRE AS RETAS E O CAFÉ

Infinitos Pontos
Infinitas Retas
Levam-nos co-planejar
Como será esse objeto

Segmentos Consecutivos
De um [re]pensar

[De]linear
Por pontos
É o demonstrar
Transversal particular
Dos alternos externos

Em outros planos
Sobriamente perpendiculares
Noutros tão encontradamente
Colaterais

Doutros espaços alternos,
Busca-se encontrar
Pois se procura o opostamente eqüidistante
Momento de estar.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Traçado

Se ferve uma verve
O ousar é não usar
O manual desdesenhado
[rótulo desmarcado]
Marcamos o marcado quadrante
usar-ousar-pulsar
Uma verve ferve
Ousando usar a desdesenhada palavra
O corpo são
A alma habitada
E a sensação
De que tudo e nada
Marca e remarca
Fia e desfia
Essa camada
Do tecelão

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Festival de quadra hiemal

Durante um tempo defendi
Letras que pareciam ser minhas
Ando fazendo novas letras
Com velhas mãos
Sigo a vida
Ritmista
De tecedores
sãos

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Da esquina estada

Por roubar risos
De rosas
Serei aprisionado?

Esse [Re]Sentido Oficio
Leva
Descompassado soldado
Vivente do Entre
Da contemplação
Sem explicação
Da esquina estada

Rente

quantos textos levaras
para que resolvas
chegar
ao
eu
?

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Pela força do gesto

As verdades plataram um pé de agonia na fantasia.
Não deixe nada atrapalhar o jardim.
Nem as palavras, nem as contas, nem os fatos ou os atos.
[...]
Cativar e Cultivar: verbos para um [belo] jardim.

domingo, 8 de agosto de 2010

Quereres

Quero
me perder no verso
da linha do teu olhar
pois me desenhas livre

Quero
me ver seguindo teus sinais
para trilhar o caminho
dos teus lábios

Quero
me encontrar perdida
no laberinto de teus passos

Quero
o doce tecer
das tuas palavras encarnadas

Quero
o desfazer
e a refazenda
das canções
que fazes
brotar
nesse peito
com o defeito

[o grave defeito]
[o de sentir emoção]

Atentando o mar

Para perfumar o mar
não deixo marcas
só aquelas de saudades
que nem sei se são
marcas ou notas
que descomprimem
um coração
de outro coração
ao encontrar
a mesma vibração

Diálogo de baile

- Dança comigo?
- Sim.
- Quais são teus passos?
- Só de tocar-me, sentiras como se deve levar.
- Qual é teu ritmo?
- Nem sei, vai do dia.
- E você, o que prefere?
- Gosto de sentir a música em suas imagens...
- Humm...
- Sabia que cada som tem uma imagem...
- ... que o corpo reproduz em baile...
- Sim, cada acorde é um “acordo” para movimentar o corpo.
- Concordo! Mas, como fazer um acorde soar em dois?
Pois assim vamos dançar, a dois?!
- Temos que sentir em três fases... nos ligar em três fases...
- Nossa!
- Então, vamos dançar?
- É o seu desejo?
- Sim.
- Já era o meu então...
- Mas onde e como?
- Chegará o nosso dia. Com ou sem nossa permissão.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

ἐπιτάφιος

Na forma da letra
[Se desenforma]
E tenta sair canção
Cai lenta
[A memória ]
D'onde tirar papel e letras
Para anotar
sua entonação?

Vela.

Velas pra Ela.
Foi impressa no papel de ilusão.

E notícia se busca.
E vozes escuta.
E vela ela.
E vela então.
Navega Ela, no papel da ilusão.

ela vela Ela então.
Aqui se vela.
[E se vai Ela.]
Fica apenas
uma ilusão

A de vagar [devagar]
Na ampla imensidão
Do papel da ilusão

Divaga
Devagar
Aquela canção

Frase Solta VI

Desenformando: Sempre [e de alguma forma] os mesmos olhos podem ver de diferentes formas as mesmas formas.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Quando longe é perto...

Podemos amar por palavras, por olhares e por mais eteceteras que alguns tais podem imaginar...

ser-nós-mesmo

o melhor de nós
é ser um nós
singular
Um nós com nós
que não deixam de estar
mesmo quando não
estão
pois
as estadas
e as estradas
virão
mas
o que nos une
é um singular nós
sinteticamente
plural
sem posse
pois para ser
não é preciso estar
basta ser
sendo

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Música

Cantei
Ao alto do teu coração
Uma canção
Repara e escuta
Canta-me então
Que sou partitura
Em escansão

Frase Solta IV

Abraço: força prateada que aperta os laços dos corações de mesma sintonia.

Movimento

Tua arte

De doar-te

Ao meu sentir

[é impar]

Tu repartes em versos

De olhar e ver

[o meu vibrar]

Tu fazes parte

Dessa arte

[de sorrir]

Dessa minha arte

Es parte

D’arte de viver e de sentir

[Vibro]

Dentro da tua arte

Doar-te

Doar-me

É um verdadeiro devir

domingo, 1 de agosto de 2010

Regresso

O peito inflama
A vida chama
Mas não há trama
De desenredar canção

E corre o verso
Egresso
D'uma rendição

O Ecoado Silêncio



Ao voltar os olhos para baixou deixou marcada a hora. Aquela era a hora do silêncio. Era isso que já sabia reconhecer depois desse pouco tempo. Parou, sorriu lentamente e abaixou os olhos como que gritando pelo silêncio. Silenciou com um sorriso e um olhar.

Por onde marcar essa linha tão circular? Buscava um silêncio distinto. Buscava o singular. Estavam no plural. E já era sentida a hora. A hora arrepiava-lhe solenemente a nuca indicando uma esperada surpresa.

- Que fazer? Como fazer parar?

Foi ai que se lembrou.

- O olhar.

E se deu descaradamente a ressaca dos mares, como sem querer baixou os olhos e levantou a guarda. O silêncio, amigo querido, voltou a imperar.

Mais uma vez, por murmúrios, tentou-lhe falar. Mas que nada. Com seu leve passar por um canto de olhar deixou inclinado o rosto. E tornou a respirar.

- Não quero palavras. Quero o silêncio. O silêncio repleto de pensar.
As palavras turvas fizeram-lhe levitar pelas correntes de ar. E tornou-se sopro de silêncio, corrente de ar.
A ressaca dos mares ecoou o silêncio. O silêncio de estar.