quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Do aquário


Lancei
versos soltos
palavras marcadas
de um tecido
borrado
de coisas não escritas

não venho pedir
tantas coisas assim
sou nota desconcertada
desamparada
como dente de leão
flutuando
qual verso livre
entre meio metro
de saudade
e de insólita liberdade

domingo, 29 de novembro de 2015

Da grafia silenciada

O silêncio que se impõem
Destoa de tudo que levo em mim
Mas entenda
E que estamos
Sensíveis
Sentidos
Sem riso
Desse tempo horrendo
Criado pelos homens
Somos tremendos
Somos rebentos
Somos, estamos vivendo, sendo
Sem sentidos
Sem motivos
(Claros)
Para dar canção
A esse mote (que não mata)
Mas desafina
E desafia
Minha vida
Meu verso
Minha escansão

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Atuante

Durmo embalada em versos
para poder amanhecer
E não me deixar partir
Atuo no seio da palavra quebrada
pois não tenho, ao certo
muito domínio da vida
sou espera quebrada
sou canção partida
De versão em versão
reclamo uma história
que não condiz
com a folia
de estar viva
em pé,
no topo
da poesia


terça-feira, 28 de abril de 2015

A quase hora


Te dedico esta partitura
Esse verso que não declino
Essa versão sem estrutura
Me tomas
Te tomo
Não há revanche
Não há disputa
Quero descer-te
e compreender
em cada nota
enlaçar-me
no teu composto som
de modas de guitarra
não há nada a negar-te
Me tomes
O tempo arde
alvoroças as veias
deste coração fatigado
De cordas dedilhadas
De coris
corra
há parte de mim que voa

[Suena la Revancha, "esta es para vos"]


sexta-feira, 24 de abril de 2015

Mirante

Me desfaço
ao contemplar o espaço
Carrego calada
Esse cor desgastada
de ser luz e estrela
desse calendário
passado
não sou mais
que
soluço
asistemático

Ao passante sabor

Como sal
não há mais o que dizer

Caso não salgue algo
Melhor não mais escreviver

Sal que não salga
Deixando-se só ser
Começa, ao sereno, endurecer
Estou [estamos] a emudecer

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Rayos en las tinieblas


Será o capítulo final[?]
Eis que instaurado
o parágrafo duvidoso do silêncio
te convido:
vamos ao tango?
começo ou fim
não te leves de mim
"hay que saber mover los pies"

domingo, 5 de abril de 2015

Do ar de clarear

Como negas o doce,
mas procuras o beijo?
Sou tua penitência?

Em mim buscas
algo que em ti
não desejas?

A irmã dúvida
habita meu peito
sufoca meu leito
Não te dou o que não é meu
por puro e imenso
respeito

sexta-feira, 27 de março de 2015

Como café

De cheiro nobre
De cor densa
Puro saber queimado

Sou um doce,
com o da língua
amargo

Não há prova
[certa]
não há ponto exato

Sou sem classificar
Sou mais assim
Um ser do mar
Do marcado sal
Do descarado ar
Tenho a fúria de
todos os elementos

Pretendo apenas
estar
como um café
torrado,
mas com muito a falar

Me diga algo:
Vai me acompanhar?




Pelo tom

Não sei dizer
se há como
acalmar
esse mar de som
que levo dentro.

Mas bem,
se queres...
A tentar

sexta-feira, 13 de março de 2015

A tua voz

Hoje te dedico
Mais do que meus humildes
versos
te dedico uma questão
que [não] se responde
[que não seja]
em prosa

te deixo

um beijo

na voz

Da passagem

Apaixonada
Desastrada

Essa rima definida
Sinaliza uma estrada

quinta-feira, 12 de março de 2015

Dos dias

Me felicito
Te felicito
por não estar tudo dito
há muito por escrever
nossa história
tão linda
ainda tem muito
a correr


segunda-feira, 9 de março de 2015

o jugo do ditar

Julgo duro
o silêncio que me fazes
passar

Sou só
Eu e ela
Sou aquela dupla
sem par
Busco
frases soltas
quero alguem
que dite o meu
calar
procuro e não encontro
Sou só ouvidos
não me deixe passar
percebo

domingo, 8 de março de 2015

Sobre la piel

No tengo
mucha piel
todo me llega
más cerca de que imaginas
tengo que alejarme
de este tú
que me pareció
cortar algo que no
tenía
era tu piel?
era la mía que nacía
dónde vives?

sábado, 7 de março de 2015

Captura

Hoje não tenho sentido
Sinto-me perdido
entre o tudo de hoje
e aquele amanhã infinito
do futuro


quinta-feira, 5 de março de 2015

As rotas da canção

Meu bem,

Queria dizer tudo isto a olhos vistos.
Não tive coragem. Parei no primeiro número. Não consegui dizer o que vinha sentindo.
Muitas foram as tentativas, mas o silêncio resolveu inscrever-se por meio de cada música que acabei de escolher.
Não sei se devo, gostaria de dedicar - e dedilhar - cada letra daquela lista.
Escolhi cada canção como para o nosso dia, e pelo que não se passou em todos os outros dias.
Cada faixa foi lançada ao nada ...e isto nós coloca mais próximos.
Espero que não se vá, ou que se for, que me diga aos poucos...
{Acho que é o que me dizes.}
{Não sei se precisas desse corpo, ou se queres ao certo, ter-me por inteiro.}
{Ou se quereres vir para mim e então ao entrar, me tomar por algo que tens.}
{Tenho dúvidas e sinto-me forasteiro dentro desse nós, que não tem local de estar}
{Como corpo transitamos, entre estados de estar e passar}
{Dói muito este corpo, dói mais ainda te tratar no espaço do vagar}

Mas se vier, - este é o meu desejo - que venha sem o silêncio tão comum, esse mesmo que tens ofertado-me.
Traga o verso que calei, traga a nota que desperta os sonhos.
Traga a si mesmo. Traga a leveza do passar.
Mostre o seu riso. Já conheces o pranto desse ser desconcertadamente sujeito imperfeito.
e
sem mais
declaro gostar de você.
que me fez lembrar de algo que levava dentro {por ser distinto de você, e , ao mesmo tempo, parecido... Querido e desejado ser ...
De carinho vivido. Doce caminho.}
Mapa-múndi a descobrir
tento respirar
e fim

Latitude e Longitude
(eis o nome do LP)

Dos ventos

A única coisa que desejo fazer
é silêncio
[Do profundo]
que daqui
nem escute o mundo
dizendo
do caminhar do tempo

do vazar
oculto
dos segundos

quarta-feira, 4 de março de 2015

Da liberdade de amar

Ser, simplismente ser
o que se é
sem pensar
[sem pesar sobre si
sem pesar sobre o outro]

Te deixei ir
Pois sabia que não querias
[ou não podias?]
ficar
Mas não queria te deixar partir
para longe
Longe desse nosso lugar de estar

Tua presença faz poesia
Tua ausência, leva a pensar
o que é ser?
o que é estar?

De fato, mudas meu dia
Só pelo espaço que ele te dá
Te faço e me desfaço
em pó de cia
só para na poesia
podermos estar

Das narrações

Em tua memória
[que me devora]
sinto a chama
que clama
e se inflama

quando a lembrança
[rememora]

tuas mãos
tua boca
tua pele
[verde caminhar]
por teu aroma
por tua torra
te beberia
se pudesse
te destilar

A chama
tem por nome
uma doce história
que tentas por muito
relembrar

Não afagues o que dorme
Sereno, desperto
na luz que vem
do teu pensar

É muito repassar
É muito querer
deixemos esse
gigante a dormitar
me canta
me dorme
me leva
no teu sonhar

terça-feira, 3 de março de 2015

Da flauta


Cabeça

Dentro dela estas
A plenos pulmões
com teu doce tocar
fez da coroa uma parte afim
que tua boca tem que beijar

[Parte total que já ganhastes]

Corpo

Com chaves mil
é aqui o espaço de passar
teu sopro o estremesse
Algumas chaves a manejar
E, ao menos,
um mecanismo a desvendar



Não sabemos a nota
desse fim
Chave de Dó
Chave de Si
Neste fim
colha a nota
 [mas volte para mim]

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Alma selvagem

Minha alma
é
Incivilizadamente
comedida

Tropeça entre estrelas
Sorri de luas meiadas
Brinca de ser poeta

de ter 100 anos
de ser criança
de olhar perdidamente
até achar-se
no mapa do futuro

Comedidamente
minha alma é
um espaço tombado
para ser arbitrário
o meu frágil corpo
[hoje não tão são]

Estranha é a mente
que me habita
e se desenvolve
neste desejo de pitanga
no doce azedo do umbu-cajá

Eu vou indo,
trajeto incerto.

até onde ela me eleva?
até aonde me inclina?

Não sei. E sei.
Sei que sou livre, por ser poeta.



Bicho de estimação

E um dia nos damos conta
que temos que decidir as coisas
que não há tempo para melindres
e numa fala perdida
Chegou teu nome:
Serás Astor
ainda que sejas
peixe
ou
gato
ou
cão


Neste teu estado


Não há espaço
feito
[há de se criar]

Não há regaço
mais esperado
que o teu para deitar

Não há verso
que se cante
que não nos eleve

Não há quem olhe
e não veja
que estamos por um fio

De todos os dias
De todas as horas
De todas as chances

Podem ainda nascer
os versos que me levem
até você

De todos os versos cantados
e notas estudadas

Fico no verso do
por vir
Existiria
Estaria
Eis o estado da poesia

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Soñar con cantar

Lo que dices en verso
Me llega en poesía

No me digas nada más
Me dices sin mirar
Me dices en silencio

pero no logro
comprenderte

No me dices
lo que necesito

Pero así es
Lo que me viene
Se te va

La vida tiene que seguir
El coche va pasar
El tren partir
Pero siguiremos
[Ni palabra]

Pues no hay música
que sea tuya de pluma
y que me cuente
entre los escenários
cual es camino
hacia tus abrazos

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Um novo verde

Meu olhar esquecido
encontra o teu
o tramado tecido


Um olhar não alheio

Como queria dizer-te
tudo que trazia aquela canção
Não posso
Não devo
É o que me dizes
fiquei com um verso marcado
"Só um rastro de fogo queimando em silêncio"
Sou ser em contrato de não ação
Contenho tudo
Faço-te um verso
Que versejando
te levo dentro
te sinto perto
em cada nota
dedilhada
versejo o silêncio.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Desejo de paz

[Desde 2009 até hoje guardei essas palavras, quando achar tudo isto, não me leve a mal.
Não me leve. Estou leve por poder te desejar tudo isto.]


Tito,

Se te chego por aqui é porque todas as outras tentativas falharam.
Não queria te dizer por aqui o que aprendi ... 
Tudo o que foi dito entre a primeira e a última conversa afiada acabou por não valer nada.

A morte bateu a nossa porta, sepultamos a pouco este passado de pessoas vivas.
Já temos outras memórias, outros gostos, outras manias....
Já não temos mais tantas diferenças assim... Já somamos forças para construir algo.

Mas o dito entre dentes:
-  Não quero mais você aqui. Já bastam-me as novas coisas.

Te digo.... Cada coisa a seu tempo. 

Primeiro o meu silêncio de não ter aceitado tuas palavras.
Agora tuas duras palavras. Sem mais. O que tenho, e  que é nosso, te oferto em silêncio.
Por oração contida falo das emoções,é assim que te digo o que levo dentro.

Te sonhei outro dia. Não tinha desejo de sangue, mas desejo de paz.
Queria te declarar esta paz. A mesma que não tivemos durante todo esse tempo.
Não quero ir sem antes te dizer isto... Dessa paz que reina em mim.
Esta paz que não te desespera. Não te espera. Não te almeja por se não alguns minutos.

A paz de quem caminhou ao lado e não tem medo ou receio de dizer o que foi e já não é mais.
Estou numa paz. Agora que lido com o passado e planejo o futuro tranquilo, de viver o que é ofertado-me todo dia.

Queria só te dizer: Vou partir!

Cuide-se!

Mel




quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Al Faro

"Claro y oscuro, dos peldaños de un caminar....
Volver al faro
Cerca y lejos de mi dulce hogar
Volviendo a mi habitación
No encuentro más línea
Ya escribí desde altamar
Mi carta sigue blanca
Y hay mucho a soñar
sigo a dibujar"