sexta-feira, 27 de março de 2015

Como café

De cheiro nobre
De cor densa
Puro saber queimado

Sou um doce,
com o da língua
amargo

Não há prova
[certa]
não há ponto exato

Sou sem classificar
Sou mais assim
Um ser do mar
Do marcado sal
Do descarado ar
Tenho a fúria de
todos os elementos

Pretendo apenas
estar
como um café
torrado,
mas com muito a falar

Me diga algo:
Vai me acompanhar?




Pelo tom

Não sei dizer
se há como
acalmar
esse mar de som
que levo dentro.

Mas bem,
se queres...
A tentar

sexta-feira, 13 de março de 2015

A tua voz

Hoje te dedico
Mais do que meus humildes
versos
te dedico uma questão
que [não] se responde
[que não seja]
em prosa

te deixo

um beijo

na voz

Da passagem

Apaixonada
Desastrada

Essa rima definida
Sinaliza uma estrada

quinta-feira, 12 de março de 2015

Dos dias

Me felicito
Te felicito
por não estar tudo dito
há muito por escrever
nossa história
tão linda
ainda tem muito
a correr


segunda-feira, 9 de março de 2015

o jugo do ditar

Julgo duro
o silêncio que me fazes
passar

Sou só
Eu e ela
Sou aquela dupla
sem par
Busco
frases soltas
quero alguem
que dite o meu
calar
procuro e não encontro
Sou só ouvidos
não me deixe passar
percebo

domingo, 8 de março de 2015

Sobre la piel

No tengo
mucha piel
todo me llega
más cerca de que imaginas
tengo que alejarme
de este tú
que me pareció
cortar algo que no
tenía
era tu piel?
era la mía que nacía
dónde vives?

sábado, 7 de março de 2015

Captura

Hoje não tenho sentido
Sinto-me perdido
entre o tudo de hoje
e aquele amanhã infinito
do futuro


quinta-feira, 5 de março de 2015

As rotas da canção

Meu bem,

Queria dizer tudo isto a olhos vistos.
Não tive coragem. Parei no primeiro número. Não consegui dizer o que vinha sentindo.
Muitas foram as tentativas, mas o silêncio resolveu inscrever-se por meio de cada música que acabei de escolher.
Não sei se devo, gostaria de dedicar - e dedilhar - cada letra daquela lista.
Escolhi cada canção como para o nosso dia, e pelo que não se passou em todos os outros dias.
Cada faixa foi lançada ao nada ...e isto nós coloca mais próximos.
Espero que não se vá, ou que se for, que me diga aos poucos...
{Acho que é o que me dizes.}
{Não sei se precisas desse corpo, ou se queres ao certo, ter-me por inteiro.}
{Ou se quereres vir para mim e então ao entrar, me tomar por algo que tens.}
{Tenho dúvidas e sinto-me forasteiro dentro desse nós, que não tem local de estar}
{Como corpo transitamos, entre estados de estar e passar}
{Dói muito este corpo, dói mais ainda te tratar no espaço do vagar}

Mas se vier, - este é o meu desejo - que venha sem o silêncio tão comum, esse mesmo que tens ofertado-me.
Traga o verso que calei, traga a nota que desperta os sonhos.
Traga a si mesmo. Traga a leveza do passar.
Mostre o seu riso. Já conheces o pranto desse ser desconcertadamente sujeito imperfeito.
e
sem mais
declaro gostar de você.
que me fez lembrar de algo que levava dentro {por ser distinto de você, e , ao mesmo tempo, parecido... Querido e desejado ser ...
De carinho vivido. Doce caminho.}
Mapa-múndi a descobrir
tento respirar
e fim

Latitude e Longitude
(eis o nome do LP)

Dos ventos

A única coisa que desejo fazer
é silêncio
[Do profundo]
que daqui
nem escute o mundo
dizendo
do caminhar do tempo

do vazar
oculto
dos segundos

quarta-feira, 4 de março de 2015

Da liberdade de amar

Ser, simplismente ser
o que se é
sem pensar
[sem pesar sobre si
sem pesar sobre o outro]

Te deixei ir
Pois sabia que não querias
[ou não podias?]
ficar
Mas não queria te deixar partir
para longe
Longe desse nosso lugar de estar

Tua presença faz poesia
Tua ausência, leva a pensar
o que é ser?
o que é estar?

De fato, mudas meu dia
Só pelo espaço que ele te dá
Te faço e me desfaço
em pó de cia
só para na poesia
podermos estar

Das narrações

Em tua memória
[que me devora]
sinto a chama
que clama
e se inflama

quando a lembrança
[rememora]

tuas mãos
tua boca
tua pele
[verde caminhar]
por teu aroma
por tua torra
te beberia
se pudesse
te destilar

A chama
tem por nome
uma doce história
que tentas por muito
relembrar

Não afagues o que dorme
Sereno, desperto
na luz que vem
do teu pensar

É muito repassar
É muito querer
deixemos esse
gigante a dormitar
me canta
me dorme
me leva
no teu sonhar

terça-feira, 3 de março de 2015

Da flauta


Cabeça

Dentro dela estas
A plenos pulmões
com teu doce tocar
fez da coroa uma parte afim
que tua boca tem que beijar

[Parte total que já ganhastes]

Corpo

Com chaves mil
é aqui o espaço de passar
teu sopro o estremesse
Algumas chaves a manejar
E, ao menos,
um mecanismo a desvendar



Não sabemos a nota
desse fim
Chave de Dó
Chave de Si
Neste fim
colha a nota
 [mas volte para mim]