terça-feira, 28 de abril de 2015

A quase hora


Te dedico esta partitura
Esse verso que não declino
Essa versão sem estrutura
Me tomas
Te tomo
Não há revanche
Não há disputa
Quero descer-te
e compreender
em cada nota
enlaçar-me
no teu composto som
de modas de guitarra
não há nada a negar-te
Me tomes
O tempo arde
alvoroças as veias
deste coração fatigado
De cordas dedilhadas
De coris
corra
há parte de mim que voa

[Suena la Revancha, "esta es para vos"]


sexta-feira, 24 de abril de 2015

Mirante

Me desfaço
ao contemplar o espaço
Carrego calada
Esse cor desgastada
de ser luz e estrela
desse calendário
passado
não sou mais
que
soluço
asistemático

Ao passante sabor

Como sal
não há mais o que dizer

Caso não salgue algo
Melhor não mais escreviver

Sal que não salga
Deixando-se só ser
Começa, ao sereno, endurecer
Estou [estamos] a emudecer

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Rayos en las tinieblas


Será o capítulo final[?]
Eis que instaurado
o parágrafo duvidoso do silêncio
te convido:
vamos ao tango?
começo ou fim
não te leves de mim
"hay que saber mover los pies"

domingo, 5 de abril de 2015

Do ar de clarear

Como negas o doce,
mas procuras o beijo?
Sou tua penitência?

Em mim buscas
algo que em ti
não desejas?

A irmã dúvida
habita meu peito
sufoca meu leito
Não te dou o que não é meu
por puro e imenso
respeito