quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Una isla

No me digas
que es así
soy una especia
lejana
exótica
distinta
que suena
cercana
serena
tormenta despacita
que es reyna
en tus libros
de cabecera


La clave

soy un verso 
[que no escrito] 
es en el borde
y transita 
entre dos lados
soy verso

sin letra
perdido
descrito
en línea
parado
soy un verso

sábado, 11 de outubro de 2014

Da palavra cantada



Em versejar
tu vais
eu vou

fomos um dia
mesmo verso
em linhas tentidas


foste lira
foste corda
em verso apóias o corpo
sobre o teu corpo,o meu
(teu violão)

E me deténs
Em cada verso
declamado a peito aberto
E tu me canta
E eu me encanto
poema desfeito
em soltas cordas

Te dou o verso
Me dás notas
Um encontro de se pensar


Me tensionas
Me dedilhas

Me tiras notas
Te dou meu verso ditado
Sou tua memória de versos
És meu braço de notas

E eu te toco
E tu me tocas
pela palavra

verbo-língua
usamos
um verso
um vinho
um vão
a boca
declama
e
declara


Ao cantar, nos vemos
Em nota
Em verso
Te noto
Me cantas

[sumus verbum]







sábado, 4 de outubro de 2014

Campo de estrelas

Estaríamos em qualquer lugar de estar
De ser em brancas nuvens envolver
Como num sonho bom passar
Para formas infindas gestar
e corpos celestes aquecer

Lidos os votos
tenho por dito
que não resta neste peito
nem um grito
que por tudo foi feito
nada clamará meu eleito
Tenho partidos abraços

No meu campo perdido
Restam nuvens

Nada mais,
que poema de estrela
pó de desejos contidos
Nuvem sem marca
de corpo fugidio
Tenho por contado
Tenho por dito
Te deixo,
flor do peito,
com pétalas tecido

O brinco perdido

Chegava sem ruidos. Com olhos e mãos rápidas. Desnuda-se. A agua acalmava a sua mente. Perdeu-se por uns minutos na correnteza do chuveiro. Tantos pensamentos soltos podiam ter virado um amontado de linhas sem sentido, mas secou-se deles. Lembrou do livro que ainda não tinha terminado. Leu um verso, decorou o teto como se imaginasse a letra do poeta marcando o papel.

Deixou o livro, pegou o vinho e o papel. Na folha borrada de sono e pensamento havia algo que deveria ser escrito.

- Mas o que deve estar aí? - pensou longamente. `

Procurou caneta, ligou o som. Placidamente rabiscou algo no papel.
Ali mesmo pegou no sono. Horas depois, ao despertar, procurou coberta, viu a sala clara, a luz do som.... Pensou que dormia, mas era real. Pensou no brinco, onde estava? No quarto, no banheiro...

- Onde está? Será que perdi?! - com olhos apertados de luz tateava.

Não era possível. Entre o amargo negro e verde cítrico havia posto o brinco na mesa.

- Acho que sim. Só lembro da nota solta pelo ar... Olhos cansados e vermelhos.

Era um sono lento que abatia sua voz, e como não fala... Seu pensamento ficava rápido.
Lembrou-se dos instrumentos, de olhar a porta, de ver os músicos com pastas pretas...

-  Mas e o brinco? - Volta o pensamento aleatório constante.

Passou as mãos no rosto, nos olhos, nos cabelos... Decidiu levantar. Taça na mesa. Deixou a roupa pelo chão. Já era quase manhã. Entre no quarto. Apagou o relógio. Deitou e dormiu, com as mãos perdidas procurando entre os lençóis, o brinco perdido estava desenhando em sua mente.