Chegava sem ruidos. Com olhos e mãos rápidas. Desnuda-se. A agua acalmava a sua mente. Perdeu-se por uns minutos na correnteza do chuveiro. Tantos pensamentos soltos podiam ter virado um amontado de linhas sem sentido, mas secou-se deles. Lembrou do livro que ainda não tinha terminado. Leu um verso, decorou o teto como se imaginasse a letra do poeta marcando o papel.
Deixou o livro, pegou o vinho e o papel. Na folha borrada de sono e pensamento havia algo que deveria ser escrito.
- Mas o que deve estar aí? - pensou longamente. `
Procurou caneta, ligou o som. Placidamente rabiscou algo no papel.
Ali mesmo pegou no sono. Horas depois, ao despertar, procurou coberta, viu a sala clara, a luz do som.... Pensou que dormia, mas era real. Pensou no brinco, onde estava? No quarto, no banheiro...
- Onde está? Será que perdi?! - com olhos apertados de luz tateava.
Não era possível. Entre o amargo negro e verde cítrico havia posto o brinco na mesa.
- Acho que sim. Só lembro da nota solta pelo ar... Olhos cansados e vermelhos.
Era um sono lento que abatia sua voz, e como não fala... Seu pensamento ficava rápido.
Lembrou-se dos instrumentos, de olhar a porta, de ver os músicos com pastas pretas...
- Mas e o brinco? - Volta o pensamento aleatório constante.
Passou as mãos no rosto, nos olhos, nos cabelos... Decidiu levantar. Taça na mesa. Deixou a roupa pelo chão. Já era quase manhã. Entre no quarto. Apagou o relógio. Deitou e dormiu, com as mãos perdidas procurando entre os lençóis, o brinco perdido estava desenhando em sua mente.
sábado, 4 de outubro de 2014
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