
Ao voltar os olhos para baixou deixou marcada a hora. Aquela era a hora do silêncio. Era isso que já sabia reconhecer depois desse pouco tempo. Parou, sorriu lentamente e abaixou os olhos como que gritando pelo silêncio. Silenciou com um sorriso e um olhar.
Por onde marcar essa linha tão circular? Buscava um silêncio distinto. Buscava o singular. Estavam no plural. E já era sentida a hora. A hora arrepiava-lhe solenemente a nuca indicando uma esperada surpresa.
- Que fazer? Como fazer parar?
Foi ai que se lembrou.
- O olhar.
E se deu descaradamente a ressaca dos mares, como sem querer baixou os olhos e levantou a guarda. O silêncio, amigo querido, voltou a imperar.
Mais uma vez, por murmúrios, tentou-lhe falar. Mas que nada. Com seu leve passar por um canto de olhar deixou inclinado o rosto. E tornou a respirar.
- Não quero palavras. Quero o silêncio. O silêncio repleto de pensar.
As palavras turvas fizeram-lhe levitar pelas correntes de ar. E tornou-se sopro de silêncio, corrente de ar.
A ressaca dos mares ecoou o silêncio. O silêncio de estar.
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